quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Saúde do coração: é importante a prevenção

O santista Arnaldo Duarte Lourenço, 54 anos, é médico cardiologista, formado pela Faculdade Bandeirantes, de Bragança Paulista. É presidente da Associação dos Médicos de Santos, tem 30 anos de profissão, atua em consultório próprio no bairro, na Santa Casa de Santos, nos hospitais Ana Costa, Beneficência Portuguesa, e no Instituto Dante Pazanese, em São Paulo. Especialista em cirurgia cardíaca, entre uma cirurgia e uma consulta falou ao Pompéia em Ação, boletim da SMBP - Sociedade de Melhoramentos do Bairro da Pompéia.

A população vai bem do coração?
Não vai muito bem não, porque as pessoas não se cuidam. É importante a prevenção. Às vezes, a vida leva as pessoas a diversas situações por excesso de trabalho e, conseqüentemente, isso gera um stress, uma pressão muito grande, além excesso de alimentação, de peso, tabagismo – que tem de ser contido – e a bebida também. Hoje temos campanhas sérias com relação a eliminação da bebida da mídia como foi feito com o cigarro e já deram alguns resultados. Então, são diversos fatores interessantes e importantíssimos para que o coração vá bem.

Como se tornou um dirigente de classe?
Eu já fazia parte da diretoria anterior e com atitudes e atividades dentro da Associação houve um destaque que me levou a ocupar a presidência. Houve uma pressão em torno do meu nome e estou partindo para o último ano da minha gestão. Na verdade, você acaba sendo levado a isso pela sua forma de trabalhar, pelo interesse pela profissão, em que o médico volte a ter a posição que tinha no passado, há 25 anos, 30 anos. As coisas mudam, por vezes, até por culpa do próprio profissional. Hoje, são lançados muitos profissionais por ano no mercado, em função do número exagerado de faculdades que temos o Brasil. São 198 faculdades de medicina no País; só em São Paulo são 38.

Porque há mais médicos nos centros urbanos e capitais que no interior?
Não há problema em trabalhar no interior, desde que tenha salário condizente. Não dá para receber porco, leitão e galinha como pagamento de consulta médica. É importante a atuação da nossa entidade mor, a AMB -Associação Médica Brasileira, defendendo o Plano de Cargos Carreiras e Salários, para que o profissional habilitado possa se estabelecer em regiões que não as capitais e possa ser valorizado também, e não esquecido. Hoje, tudo anda muito rápido, as informações são muitas e em medicina a coisa não é diferente. Há a necessidade de que o profissional se estabeleça, mas tenha segurança.

O senhor acompanha as ações da SMBP?
Acho que é uma sociedade ativa e pelo que tenho visto, tem realmente interesse em que haja a melhoria do bairro, que eu já naturalmente acho fantástico, muito gostoso de morar, com diversas facilidades. Tem gente educada, o bairro é limpo e temos observado que nesta Sociedade tem gente imbuída da vontade de levar para frente, com todas as atividades que são feitas. Não tenho participação direta em função da exigüidade de tempo, mas a diretoria da SMBP pode contar conosco para o que precisar. Eu estarei à disposição.

O bairro está bem servido em termos de unidades de saúde?
Trabalhar a saúde efetivamente nunca é demais. A população tem necessidade de atendimento de saúde básico, fundamental. A Prefeitura, com o Dr. Odílio (secretário municipal), sua equipe e o prefeito Papa, tem trabalhado neste sentido, procurando abranger da melhor forma. Evidentemente, saúde publica é muito difícil, há diversas arestas que não dependem, às vezes, da cidade, que gera mais de 60% do orçamento. O resto são repasses estaduais e federais e é complicado.

A concepção do SUS é correta?
O modelo do SUS (Sistema Único de Saúde) como planejamento de saúde é um dos melhores do mundo. Ele é copiado em vários países. O problema não é o que está no papel; no Brasil o problema não são as leis, o problema é fazer cumprir as leis. O SUS serve a muita gente, paga próteses caras, tem setores de alta complexidade e alto custo, faz qualquer tipo de transplante e realiza tratamento de Aids e de câncer muito bem feitos, especialmente em grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. O sistema tem falhas, porque aqui no nosso País, quando tem uma verba direcionada, esta verba vai escapando por alguns drenos e isso é uma situação complicada.

O que dizer para os praticantes de esporte de fim-de-semana?
O esporte de fim-de-semana não é esporte. O indivíduo passa sentado atrás de uma mesa seis dias da semana e, no sábado, ele vai querer jogar futebol, correr noventa minutos, normalmente obeso, fumante, vai se encher de churrasco, de cerveja... Isso não é correto. Se quiser fazer atividade física para ganhar saúde, faça pelo menos três vezes por semana, ao redor de 40 minutos a uma hora. E o recomendável é a atividade progressiva. Não pode querer começar correndo 10 km. As academias hoje já exigem que a pessoa que pretenda fazer alguma modalidade esportiva passe por uma avaliação cardiológica. É fundamental. Não sentir nada não quer dizer que não se tenha nada. A pessoa pode ter uma morte súbita, sem sentir nada. O primeiro sintoma é a morte. É importante que quem pretenda fazer uma atividade física rotineira faça avaliação.

Tendo tratado e até salvado pessoas, sendo um profissional realizado, o que ainda espera?
Estou ainda muito novo, espero muito trabalho, tratar de muita gente, ver meu filho encaminhado e ver o nosso País grandioso, chefiado por gente bem intencionada; que nossos políticos sejam de uma confiabilidade muito grande, saúde, trabalho e que Deus abençoe os santistas e especialmente os da Pompéia.

Nenhum comentário: