terça-feira, 8 de abril de 2008

“Nós somos privilegiados”

Santista da Pompéia, o funcionário público aposentado, Renato Soares Prestes, 70 anos, é diretor da Guarda Noturna de Santos, criada em 1940, pelo governador Adhemar de Barros. O surgimento da Guarda Municipal e mudanças na sociedade fizeram a Guarda Noturna entrar em processo de extinção. Ela ainda presta serviços de segurança desarmada e controle de acesso e tem um passado de serviços prestados a Santos. Confira a entrevista com o ilustre morador do bairro.

A Guarda Noturna já teve grande importância em Santos. Por que entrou em declínio?
Ela foi criada pelo então governador do Estado, Adhemar de Barros, em 12 de dezembro de 1940. Desde esta época ela vem prestando serviços à comunidade. É evidente que logo no início, era muito respeitada. As pessoas tinham medo quando aparecia um guarda apitando pelas ruas. Ela fazia todo o patrulhamento das ruas de Santos. Depois, passou a prestar serviços à Prefeitura Municipal, fiscalizando cemitérios, escolas, Paço Municipal, tudo que era da Prefeitura ela tomava conta. Com a criação da Guarda Municipal de Santos ela deixou de prestar este serviço à comunidade. A partir daí ela perdeu a razão de ser.

A Guarda já teve um grande efetivo...
Ela já teve 500 homens. Quando cheguei aqui, em 2000, a convite do governador Mário Covas, isto estava uma bagunça terrível; sindicato brigando com o comando, salários atrasados e uma série de coisas. O governador pediu, por meio do Edmur Mesquita, que eu tentasse por ordem nas coisas. Graças a Deus, com um pouco de paciência e compreensão, eu consegui colocar a casa mais ou menos em ordem. Ficaram as dívidas do passado, porque não se recolhiam FGTS, INSS... Depois que assumi, se passou a recolher. A Guarda era de utilidade pública e ela perdeu isso também e ficou muito difícil. Hoje, estamos aguardamos para ver qual o desfecho para os funcionários.

A corporação tinha poder de polícia?
Ela prestava serviço também em todas as delegacias. Ela tinha poder de polícia, ela prendia e leva para o distrito policial.

Há um processo de extinção?
A Guarda Noturna passou uma época difícil depois de 88, com a nova lei do desarmamento. Nós estamos aqui aguardando uma decisão do governo do Estado. Existiam duas corporações como essa, em Campinas e Santos. A de Campinas já foi extinta. O governo do Estado extinguiu e indenizou os funcionários. Agora, só resta a de Santos. Também existe um projeto na Assembléia Legislativa para a extinção. Ele está passando pelos trâmites legais, já passou pela Comissão de Justiça e acho que é só administrar o projeto. O governador, na época, era o Geraldo Alckimin. Mas como tudo, isto demora, e o pessoal tem a expectativa de receber. Alguns têm 20, 25, 30 anos de serviços. Eles têm de ter aquilo que é de direito. E nós continuamos prestando serviços à comunidade ainda.

Que tipo de instituição é a Guarda Noturna?
Ela não é autarquia, não é particular, não é sociedade anônima, não é limitada... Ela foi criada pelo Governo do Estado. O diretor da Guarda é nomeado pelo secretário de Segurança Pública. Isto prova que existe a ingerência do Estado sobre a Guarda. Nós prestamos contas ao Delegado Seccional. Temos um serviço prestado de dar inveja a muitas entidades que prestam este tipo de serviço, e ela incomoda, porque ela tem um nome, está ai desde 1940. Infelizmente, as leis mudaram, temos de nos adaptar.

Como é a sua relação com a Pompéia?
Mudei para o bairro em 19 de dezembro de 1974. Há alguns amigos que já foram embora, como o monsenhor Benedito. Nós íamos a um bar tomar uma caipirinha no domingo. Lembro da irmã do vereador Fernando Oliva, na Rua Euclides da Cunha. Ela dava o café da manhã para os moradores de rua. Formava uma fila imensa. A casa ainda existe. A praça (João Barbalho) era só um gramado, o pessoal jogava bola. Havia a estação do trólebus. Não sei por que o bairro perdeu esta área. Poderia ser a sede da Sociedade de Melhoramentos. (A área foi permutada pelo município, por outra, na Av. Conselheiro Nébias). Quiserem por um distrito policial lá, mas a população não deixou. Gosto muito do bairro, é um bairro sossegado. Nós somos privilegiados, nós temos açougue, mercadinho, Pão de Açúcar, farmácia, cabeleireiro, padaria, casa de ferragens, igreja, universidade... Acho que é um bairro mais para aposentados. Isto dá uma tranqüilidade terrível (risos). Talvez eu tenha de sair (de casa), pela especulação imobiliária, mas quero permanecer no bairro. Não sei como vai ser. Nunca morei em apartamento.

O Sr. acompanha as ações da SMBP?
O trabalho da sociedade é excelente, há um trabalho social muito bom. O presidente é trabalhador. Recebo o jornal, recebi a revista e o guia com telefones úteis. O trabalho é muito bom.

2 comentários:

Anônimo disse...

Graças ao Senhor,por ter colocado na Guarda Noturna de Santos,um homem como o Renato. Trabalhei na Guarda na função de Guarda Operacional,gostei muito,eu gostava muito de trabalhar na Guarda. Só saí porque não folgava quase,pelo efetivo ter-se reduzido muito. Aí tinha-mos que cobrir a falta de uns e outros. mas foi muito bom enquanto durou. Espero que esta situação melhore e eu também,até voltaria a trabalhar nela. Faço votos a Deus que a Guarda Noturna volte a ser como era. Dia 23 de Dezembro a guarda faz aniversário,espero que hajam boas notícias! Deus abençoe e guarde a Guarda Noturna de Santos.

Anônimo disse...

Eu não conhecia este blog. Achei-o muito interessante. Que haja mais divulgação. Achei-o pesquisando no google sobre a Guarda Noturna de Santos,a qual prestei serviços.